A importância do diretor de arte numa produção cinematográfica (Parte 2)

Olá, caro leitor,

Neste artigo daremos continuidade ao anterior (Parte 1) usando o filme “O Regresso” como exemplo para demonstrar o quanto o papel do diretor de arte foi fundamental para o sucesso dessa produção.

Falaremos brevemente sobre o filme, em seguida sobre o diretor de arte escolhido para a esta produção, sua atuação em conjunto com o diretor de cinema e o de fotografia, suas etapas de atuação e, por fim, a sua importância considerável para o sucesso do filme.

Narrativa da estória

O filme O Regresso, intitulado The Revenant nos Estados Unidos , lançado em 2015, é baseado no romance The Revenant: A Novel of Revenge, de Michael Punke. O longa tem o roteiro adaptado por Mark L. Smith e o pelo próprio diretor do filme Alejandro González Iñárritu.

Ambientado no ano de 1822, o guarda de fronteira Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) lidera uma missão ao longo do rio Missouri. Ganha dinheiro caçando, quando foi atacado por um urso, à beira da morte. Sendo abandonado na floresta por seus companheiros, sobrevive e parte em busca de vingança.

20th Century Fox

O diretor de arte do filme

O nome do diretor de arte ou como chamam production designer é Jack Fisk.

Nascido em 19 de dezembro de 1945, em Canton, Estados Unidos, Jack Fisk é também cenografista.

Colaborou frequentemente com os diretores Terrence Malick e David Lynch, nos filmes já lançados, como Malick: Badlands (Terra de Ninguém), Days of Heaven (Cinzas no Paraíso), The Thin Red Line (Além da Linha Vermelha), The New World (O Novo Mundo), The Tree of Life (A Árvore da Vida) e To the Wonder (Amor Pleno); e com Lynch: The Straight Story (Uma História Real) e Mulholland Drive (Cidade dos Sonhos).

É casado com a famosa atriz Sissy Spacek desde 1974. Se conheceram no filme Terra de Ninguém (Badlands).

Jack Fisk. THE REVENANT Copyright © 2015 Twentieth Century Fox Film Corporation. All rights reserved. THE REVENANT Motion Picture Copyright © 2015 Regency Entertainment (USA), Inc. and Monarchy Enterprises S.a.r.l. All rights reserved.Not for sale or duplication.

Direções no filme

O trabalho em conjunto é imprescindível para o sucesso de um filme. Para O Regresso, Jack Fisk trabalhou com os profissionais Alejandro González Iñárritu (diretor) e Emmanuel “Chivo” Lubezki (diretor de fotografia).

Alejandro diz que todo local de alguma forma tem que estar posicionado na direção do sol correta, para captar a luz certa no momento certo, o que é algo muito difícil de conseguir, ainda mais captar naturalmente. Os locais escolhidos para as gravações são bem distantes entre si e tentar gravar cada local no tempo certo, o fez perceber que não dominamos a natureza e sim somos parte dela.

Alejandro à direita. Kimberley French / 20th Century Fox

Ele considera o trabalho do diretor de arte Jack Fisk repleto de riqueza e conhecimento versus humildade, foi “uma deliciosa presença para estar junto”.

Segundo o “Chivo”, diretor de fotografia, O Regresso foi um dos mais difíceis filmes em que já trabalhou. Foi bastante desafiador o fato de constantemente enfrentarem o clima e a natureza.

Emmanuel “Chivo” Lubezki / 20th Century Fox

O diretor de arte Jack Fisk diz que em todos os locais que encontra, a vista principal será o Sul ou em direção ao sol, filmado tudo em contraluz. Porém, há também os ambientes internos e nesses casos, Fisk precisa apenas de uma fonte de luz. Se houver mais de uma, ele disse, “Chivo vai impedir”, pois assim como nas pinturas de Vermeer, o fotógrafo também prefere que tudo entre por um lado só. Fisk concorda com isso.

Além disso, Fisk fala que adora trabalhar junto com “Chivo” porque ele consegue fazer o seu trabalho parecer melhor. O diretor de arte considera a sua relação com o fotógrafo boa, considerando que já trabalharam juntos em sete filmes.

Participações da direção de arte em etapas da produção do filme

Preparação

Antes de dar início à etapa de preparação houve um estudo do significado do título criado. O significado da palavra revenant é: alguém que retornou, especialmente alguém que retornou à vida após ter morrido.

A partir do roteiro, foi feito um levantamento de quantas estruturas eram necessárias para serem construídas e qual seria o tamanho delas. O tamanho do forte foi baseado no porte considerado médio daquela época.

Fisk recriou, para a produção, o estilo de vida do “homem da fronteira”.

O diretor de arte tinha feito anteriormente uma pesquisa detalhada sobre a Expedição de Lewis e Clark, contexto do filme. Coletou também relatos sobre viagens de barco em rios e a forma em lidar com as culturas indígenas.

Alejandro convidou-o a pôr em prática todo o conhecimento que coletou a partir das leituras dos periódicos das pinturas de George Catlin.

Fisk em suas visitas a museus de arte com representações de estruturas de fortes desse período recriou essas estruturas e criou ambientes mais fiéis à realidade da história. Leu livros e assistiu filmes indicados pelo diretor.

Pesquisou antropólogos, pessoas que estudaram a cultura indígena, leu histórias interessantes escritas por indígenas que falaram sobre suas casas nos anos 1900 do século XX – que, no entanto, sofreram muitas mudanças ao decorrer do tempo – e leu bastantes diários de caçadores.

Para a criação do forte gigante, mostrado no filme, o diretor de arte pesquisou vários websites que falam sobre fortes e pessoas que estudaram a respeito. Estudou sobre construção naquela época e descobriu os costumes e materiais utilizados. Descobriu também que as pessoas que moravam em fortes tinham o hábito de pendurar as carnes em ganchos do lado de fora dos muros para atrair lobos e caçá-los.

Teve conhecimento que os moradores desses fortes não tinham o hábito de tomar banho diariamente e os índios já tinham esse costume. Os nativos seguiam uma dieta mais saudável, com feijões e alimentos secos. Ao contrário dos homens da montanha, os índios não dependiam apenas da caça para suprir a alimentação, possuíam outras comidas além da carne. Os caçadores e soldados naquela época consumiam uma média muito alta de carnes por dia.

Fisk contou com a colaboração do historiador Clay Landry. O historiador conhece bastante esse período de Montana que é vivenciado na estória. Clay trabalhou diretamente com os atores, criando um ambiente de treinamento, ensinando como manejar rifles de carregamento de focinho, habilidades na natureza e ajudar na criação do aspecto visual do filme. Seu objetivo foi o de tornar o enredo do filme o mais autêntico possível.

O diretor de arte trabalhou também com o gerente de locação Robin Mousey. Os dois visitaram por toda British Columbia e Alberta, procurando locais. Iniciaram a busca em abril de 2014 até filmarem em agosto de 2015. Durante esse período, além de buscarem locais para filmar, construíram os sets e fizeram as gravações e edições.

Transição

Fisk buscou um cenário o mais realista possível, mas que não fosse um ambiente comum, tinha que ser um local com uma paisagem diferenciada.

20th Century Fox

Os locais escolhidos para a gravação das filmagens eram áreas de nativos americanos. Em cima desses locais foram criados cenários detalhados do período abordado no filme. Foram construídos vários acampamentos, ruínas de uma igreja, um barco, um forte gigante, uma vila, entre outros.

O filme possui uma riqueza de cenários e detalhes.

A igreja que aparece no filme foi construída usando todas as cores encontradas nas paisagens em torno.

20th Century Fox

O barco que foi usado pelos personagens foi construído baseado em um dos existentes nos anos 1520 que era feito a partir de madeira áspera. Os criadores inseriram uma cabine nele que serviria para guardar seus pertences como peles e comporta até cerca de 20 homens.

Kimberley French / 20th Century Fox

Os cenários foram construídos em 360º.

Fisk trabalha com coisas mais baratas do que normalmente as usadas numa construção real. Afirma que quanto maior a quantidade de sets criados, maior será a quantidade de coisas que possam vir a ser filmadas. O forte foi projetado da maneira mais fiel e realística possível sendo que, visto sob qualquer ângulo, não houve sequer um sinal de que fez parte de um cenário.

20th Century Fox

Outro cenário criado foi uma vila destruída ao redor de Los Angeles. Foi construído com a madeira e a lama oriundas do próprio local. As madeiras utilizadas na construção do forte foram fornecidas pelo serviço de parques que possuem árvores de pinos limpos e madeiras das estradas entre outras coisas. Eles entregaram tudo sem cobrar. Isso, segundo Fisk, ajudou bastante para economizar nas despesas.

Maturação

Após os cenários construídos, Jack Fisk entrou e andou por todos os ambientes, tanto indígenas como no forte, e tentou imaginar como seria viver nesses locais, descobrir como as pessoas obtinham água, onde cozinhavam, onde comiam, como mantinham as pessoas do lado de fora, entre outras coisas.

THE REVENANT Copyright © 2015 Twentieth Century Fox Film Corporation. All rights reserved. THE REVENANT Motion Picture Copyright © 2015 Regency Entertainment (USA), Inc. and Monarchy Enterprises S.a.r.l. All rights reserved.Not for sale or duplication.

Os três diretores, os atores e a equipe viveram, nas estruturas construídas, como primitivos, selvagens. Isso foi de grande ajuda para os momentos de gravações.

Nas construções criadas, a partir das pesquisas das estruturas daquele período, foi necessário adicionar mais janelas, pedido este realizado pelo diretor, por causa da necessidade de iluminação para ajudar nas filmagens.

Enquanto organizavam os preparativos para começar as filmagens e, ao longo dos ensaios de gravação iniciados, o diretor de arte solicitou, conforme achava necessário, que as árvores do local fossem sendo pintadas de preto para gerar uma separação entre os atores e o ambiente ao seu redor, fazendo este parecer um pouco mais forte.

Produção

Um desafio que instigou o diretor de arte a trabalhar junto nessa produção foi a intenção do diretor em gravar as cenas em continuidade. Além disso, Alejandro fez questão que as gravações fossem realizadas no ambiente real com todas as dificuldades existentes.

As gravações foram feitas utilizando câmeras com lentes largas, fazendo o uso de muitos closes, focando em detalhes dos rostos dos atores.

As filmagens captaram muitas coisas de perto. As costuras das roupas do Oeste, das peles de animais, a aparência dos couros criados, os adereços e as armas, com suas riquezas de detalhes, eram muito verossímeis e tudo isso era captado e evidenciado pelas câmeras. As bolsas semelhantes às possíveis utilizadas naquela época também foram muito bem feitas para que as lentes largas utilizadas pudessem mostrar todos esses detalhes.

Em muitos casos, as câmeras utilizadas durante as gravações ficavam muito próximas aos rostos dos atores numa distância de poucos centímetros e posicionadas sempre em contraluz porque, do contrário, a própria sombra delas podia ser vista nos rostos deles.

Essa forma “colada” de filmar os rostos dos atores provocava às vezes alguns “defeitos” nas filmagens. Por exemplo, durante as cenas de gravação do ataque do urso a Glass, quando o personagem foi nocauteado na cabeça e caiu no chão e o urso começou a lamber seu rosto, foi possível ver a exalação da respiração projetada totalmente sobre a câmera. E, com isso, tiveram que regravar essa cena, afastando um pouco a câmera.

A cena em que Glass ficou no interior de um cavalo morto foi real. E tiveram que ter conhecimentos de como ficar e conseguir suportar o frio do local. O ator teve que ficar nu ao entrar na carcaça do animal, porque se entrasse com sua veste, esta ficaria molhada, e a sua umidade e o sangue na roupa ajudaria a esfriar seu corpo quase que instantaneamente. Estando despido dentro do cavalo é possível permanecer no interior por 5 ou 6 horas. Na produção não houve em nenhum momento sensação de conforto por parte dos atores e equipe.

Análise da importância da direção de arte para o filme

O desafio das gravações das cenas em continuidade, isto é, sem cortes, foi para o diretor de arte, bastante eficaz, para se sentir próximo às cenas de ação, assim também como para os atores se manterem inseridos nelas. Com isso, a não necessidade em interromper as gravações várias vezes, fez com que todos ficassem mais facilmente envolvidos com as cenas. Isso foi determinante para tornar as cenas mais realistas ao espectador e prender a sua atenção por mais tempo, o que o ajuda bastante a, mais à frente, avaliar o filme positivamente.

Gravar em continuidade já é algo desafiador numa produção cinematográfica, porém no filme O Regresso havia uma dificuldade a mais, o próprio local em que estavam situados. Permanecer naquele ambiente gélido já era algo difícil para a própria equipe. Fisk diz que ele e a sua equipe poderiam estar bem agasalhados durante as gravações, entretanto os atores não tinham esse privilégio e precisavam realizar suas performances sentindo realmente frio. Porque, tanto para ele como para Alejandro, era necessário ser desta forma trazer veracidade às cenas.

Fisk acatou ao pedido do diretor de gravar em continuidade sabendo das dificuldades a serem enfrentadas, mas realizou com boa vontade buscando apreciar essa nova experiência. Essa forma do diretor de arte de trabalhar bem em equipe e com os atores tornou a produção mais divertida e fluída. Percebe-se que seu papel foi relevante para o filme.

A escolha em utilizar elementos reais e com riqueza de detalhes devido ao uso de câmeras com lentes largas ajudou a transmitir uma impressão de realidade, criando uma sensação de imersão quase que imediata pelo expectador. Isso, graças ao diretor de arte Fisk.

A escolha dos diretores em acampar durante um longo período nesses locais, ajudou a trazer realismo e verossimilhança à estória retratada no filme. Não houve momentos em que os atores se sentissem confortáveis. Os atores vestiram peles de animais reais. Nas cenas em que Glass (Leonardo DiCaprio) nadou no rio ele realmente usava uma verdadeira pele de urso que fez com que ele conseguisse estar dentro do rio congelante. Essa pele não o deixava se molhar, e o ajudava a conseguir permanecer no rio e se manter aquecido. Era também perigosa por ser bastante pesada e difícil para o ator manter a cabeça acima do nível da água. Apesar de todas essas dificuldades enfrentadas, a escolha do diretor de arte em utilizar materiais reais e que de fato eram usados naquela época tornou as cenas o mais fiel e realista possíveis.

O fato de não utilizarem luvas e o de utilizarem capuzes também ajudarem a trazer verossimilhança.

A escolha também da filmagem utilizando câmeras digitais, ao invés de películas, gosto sugerido pelo diretor e acatado pelo diretor de arte fez com que não fosse preciso adicionar às gravações iluminações extras. E, com elas, é possível realizar filmagens, dependendo do horário, posição em relação ao sol e da iluminação natural, sem o auxílio de iluminações artificiais para complementar.

Essa opção foi crucial para passar o realismo ao filme. Pois, retrataram como realmente é o ambiente do local, ou seja, escuro e sem muitas cores vivas, sendo na sua maioria cores frias. O fato de utilizarem apenas a iluminação natural do sol, sem ser aumentada pelas iluminações elétricas, ajudou a passar a ideia da frieza do ambiente, tanto com relação à baixa temperatura do local, quanto no que se refere à frieza dos homens daquela época, principalmente os caçadores de peles, que eram rudes. Além disso, foi possível haver, com isso, uma total sintonia com o gênero do filme, que é majoritariamente de ação, com várias cenas de violência e luta pela sobrevivência.

A preferência do diretor de arte Fisk, comentada anteriormente, em realizar cenários projetados para filmagens 360º, foi de extrema utilidade para esse filme que contém muitas cenas de ação. O fato de os cenários terem sido construídos sob todos os ângulos, facilitou nas gravações, nos momentos em que havia muitas alternâncias entre as diferentes câmeras, para tentar com isso mostrar a ação e captar a agilidade dos momentos de luta. Com os cenários já existentes em todo o entorno dos locais de gravação, não precisaram durante as filmagens realizar muitos cortes, como normalmente acontece em muitos filmes. Isso facilitou bastante a produção. Havia muitas cenas em que o ator era focalizado e rapidamente alguém vinha por trás dele e mostravam isso sem grandes dificuldades, porque não precisavam preparar o ambiente para as diferentes posições a serem exibidas. Além disso, o diretor de arte teve a ajuda crucial do diretor e do diretor de fotografia que, segundo ele, fizeram um ótimo trabalho.

A decisão do diretor de arte em pintar as árvores e outros elementos da floresta de preto na fase de maturação, para acentuar a impressão de uma natureza mais forte em relação aos personagens, foi uma maneira muito inteligente e eficiente de conseguir fazer o espectador sentir essa fragilidade do ser humano inserido naquele ambiente selvagem, perigoso e imponente, característico da floresta dessa região fronteiriça, palco da estória do filme.

O recurso de pintar de preto elementos integrantes da natureza, foi importante também, segundo esta análise, a partir das pesquisas e observações realizadas, para atingir outro objetivo, intencional ou não, por parte do diretor de arte, mas que ajudou a centralizar, nas cenas importantes de ação, por exemplo, o olhar do espectador apenas sobre os personagens e sobre a natureza como um todo.

O ato de pegar alguns elementos da própria natureza e modificá-los um pouco, como no recurso de pintar as árvores é um detalhe que passa despercebido para a maioria dos espectadores. Zach Laws fala numa entrevista com Fisk que esse recurso é algo muito sutil para ser identificado (GOLDDERBY, 2015).

Porém, para o diretor de arte Fisk, este, como production designer, não tem como objetivo, diferentemente dos outros diretores, que as pessoas vejam o que ele fez no filme. O objetivo dele é o de causar um efeito nelas e se, no entanto, elas virem os seus feitos, este falhou no seu intento.

No departamento de arte, Fisk esteve envolvido em todas as cenas em algum nível, fazendo-as funcionar. E houve momentos em que ele estava praticamente encontrando formas para que os atores pudessem se mover por entre os sets criados. Em muitos casos, ele movia neves e árvores, de até 1,5 metros de altura, para vários outros locais, para que pudessem construir um local certo que talvez fosse um pouco mais próximo ou que recebesse a luz certa. E nestes locais, às vezes, a única coisa que não havia era uma floresta. Eles tinham disponíveis grandes gramados, com metros de altura, isto é, elementos importantes que faltavam nos locais escolhidos para gravação, e que eram necessários. Então, precisavam transferi-los até esses locais. E os encarregados da equipe técnica podiam, basicamente, mover pequenas florestas e inseri-las nos lugares desejados.

Fisk acredita que, se as pessoas tomassem conhecimento disso tudo o que faziam, teriam sido terríveis as suas impressões. Foram construídas rochas, cavernas e coisas semelhantes, isto é, elementos comuns usualmente criados nos departamentos de arte. Porém, para o filme O Regresso, havia um fator diferencial. A equipe encarregada teve que realizar todas essas construções nos locais escolhidos. E, em certos momentos, a temperatura dos ambientes se encontrava entre 20 e 10 graus Celsius abaixo de zero.

Tiveram que tentar lidar com as lamas congelantes. E, para isso, precisavam uni-las e aquecê-las em barracas para conseguir mantê-las macias e pudessem deslocá-las e inseri-las nas vilas indígenas. Bastante desafiador, porém segundo Fisk, foi divertido.

Essa entrevista confirma o fato de como a profissão do diretor de arte ainda é bastante desconhecida pelas pessoas. Apesar de eles receberem seus prêmios merecidos de Oscar, como production designer, não há um destaque sobre a profissão deles e qual a sua importância para uma produção cinematográfica. Muitos também ignoram que o production designer, nada mais é do que o diretor de arte, ainda chamado assim no Brasil e na maioria dos demais países, exceto nos EUA. Essa diferença do nome da função ajudou a desassociar o production designer ao diretor de arte, ao longo do tempo, fator que possivelmente contribuiu para tirar ainda mais o foco sobre essa profissão e torná-la ainda mais esquecida e, por consequência, desvalorizada.

Isso se dá muito também porque as pessoas ignoram o que de fato um diretor de arte faz em uma produção cinematográfica, qual é a sua função dentre os processos integrantes ao produzir um filme. Fisk foi indicado ao prêmio Oscar de melhor direção de arte ou production design neste filme. Porém, não ganhou o prêmio. A partir das pesquisas sobre como se deu o longa e sobre o papel de Fisk e sua importância para o reconhecimento do filme, concluiu-se que esse profissional merecia receber esse prêmio. E, assim, mais uma vez a sua participação determinante neste filme e nos anteriores continua sendo desconhecida pela maioria das pessoas e desvalorizada no cinema mundial.

Conclusão

Buscou-se neste artigo, por meio das pesquisas teóricas sobre direção de arte no cinema, da pesquisa aprofundada sobre o diretor de arte encarregado para o filme O Regresso e sobre a sua atuação nas etapas da produção do longa, levar o conhecimento ao público em geral da existência e da importância de um diretor de arte e do seu papel fundamental numa produção cinematográfica. Para demonstrar essa importância, o filme O Regresso (2015) foi escolhido como a fonte de pesquisa e estudo utilizada para fundamentar o objetivo pretendido. Ao conhecer todos os principais feitos do diretor de arte nas etapas da produção do filme, foi possível mensurar o valor dessa função e como este profissional é imprescindível para atingir os objetivos e pensamentos do diretor de cinema. Ele é responsável pela coordenação e supervisão de toda a equipe integrante dos setores do departamento de arte como, dentre eles, o cenógrafo, o cenotécnico, o figurinista, a camareira, o maquiador, o maquiador de efeitos, o produtor de objetos, o contra regra de cena, o cabeleireiro, entre outros. O desconhecimento dessa profissão, da sua relevância e do que exatamente um diretor de arte realiza numa produção cinematográfica é um fator comum presente nas pessoas. Este artigo visa mudar esse cenário e dar o destaque especial aos diretores de arte, valorizando-os e sendo, com isso, reconhecidos merecidamente pelo público espectador em geral.

REFERÊNCIAS

CAMBRIDGE UNIVERSITY PRESS. Definição de revenant do Cambridge Advanced Learner’s Dictionary & Thesaurus. Disponível em: https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/revenant. Acesso em: 4 jul. 2020.

DERBY, Gold. ‘The Revenant’ production designer Jack Fisk talks recreating frontiersman lifestyle in film. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ASPqidzi35Q. Acesso em: 29 jun. 2020.

PINEDALE ONLINE. Clay Landry: Behind the scenes in the making of the movie ‘The Revenant’. Disponível em: http://www.pinedaleonline.com/news/2016/03/ClayLandryBehindthes.htm. Acesso em: 24 jun. 2020.

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